Os discos do Raul Seixas, do pior para o melhor
Se é fácil falar quais os melhores discos de Raul Seixas, difícil é falar o pior. Foi essa conclusão que cheguei, enquanto fã, da obra do cantor baiano, que se estende em mais de 15 discos, do final dos anos sessenta ao final dos anos oitenta. Uma obra que abarca jovem guarda, rockabilly, folk, blues, baião, chachado, soul music, disco, música caribenha, gospel, bolero, tango, jazz, art-rock.
Mas é preciso fazer.
Nem preciso mencionar que uma lista representa uma escolha pessoal. Claro que muitos irão discordar da escolha, por questões de memória afetiva e gosto mesmo, mas a proposição é justamente conversar de fã pra fã sobre uma obra que gostamos de formas diferenciadas.
Então vamos à lista:
17- Raul Seixas ( 1983)
O disco que leva o nome de Raulzito é na verdade um compilado de gravações que o baiano compôs enquanto esteve afastado das rádios e dos shows, num ostracismo provocado por diversos problemas, tanto de cunho pessoal (os vícios, as internações) quanto profissional (baixas vendagens, estouro de orçamentos). O esforço de sua esposa Kika Seixas em alavancar o cantor garantiu uma ponta dele no infantil “Plunct-Plact-Zum”, caracterizado como o Carimbador Maluco. Para muitos (eu incluso, que inclusive dancei na escolinha (risos)) foi o primeiro contato com Raul Seixas. O sucesso da canção, do personagem e da música permitiu o lançamento desse disco, pouquíssimo inspirado musicalmente. Uma série de canções fracas para rechear o hit do musical global.
16 - Por quem os sinos dobram (1979)
Tânia Barreto, então esposa de Raul até antes da gravação e lançamento desse disco, nos conta que a música-título composta por Raul Seixas e Cláudio Roberto era uma referência à Bíblia, chamada “A Loucura de Eva”e o refrão era: Bobagem, bobagem se você pensa que o homem veio de um macaco qualquer, bobagem, bobagem o homem nasceu da mulher. Não sabemos por que ele mudou, mas Cláudio Roberto não é creditado em nenhuma canção desse fraquíssimo disco, mas sim um tal de Oscar Rasmussen, argentino que ajudou a afundar o roqueiro no vício e inclusive levou o nome de Raul às páginas policiais quando um amigo seu foi assassinado no apartamento do astro pelo traficante deles. Polêmicas à parte, é um disco sem inspiração. Músicas como “Ilha da Fantasia” dão aquela impressão de “já ouvi isso antes e melhor do Raul”. “Segredo do Universo” começa com uma pegada Rolling Stones, mas continua sem qualquer empolgação ou energia. O título ameaça algo épico, das parcerias coelhianas, mas fica só na promessa. O fracasso desse disco custou o contrato de Raul com a WEA.
15 -Raulzito e os Panteras (1968)
O disco que apresentou fonograficamente o Raul Seixas para o mundo, tirando-o da Bahia com influência de Jerry Adriani para passar fome por dois anos na Cidade Maravilhosa. Se a capa e o cabelo não deixam óbvias, é claramente outra leitura regional do sucesso mundial dos Beatles. Com o romantismo da Jovem Guarda e um psicodelismo bem ousado é um disco ótimo de se ouvir. Não é possível ver ainda os roupantes raulseixistas nesse álbum, mas a criatividade nas letras como “Trem 103” insinuam o potencial futuro do artista.
14 - Metrô Linha 743 (1984)
Raul embarcou numa de folk de Bob Dylan, refogando antigas canções como “Eu Sou Egoísta” e “Trem das Sete” no tempero do violão do bardo americano. O disco estourou o orçamento previsto e custou o contrato de Raulzito com a Som Livre. É um álbum sóbrio e mediano, com dois hits marcantes, a faixa-título, o mais puro Bob Dylan possível, narrando quase em tom de rap a paranoia dos tempos de chumbo e “Mamãe Eu Não Queria”, uma sarcástica e extraordinária canção de insubordinação militar que remete à melhor fase do cantor nos anos 70. Também aqui tem escondidinha no final da versão cd a faixa cult “Anarkilópolis”, sobre a utopia maluca pensada por Paulo Coelho e Raul Seixas em seus fanzines no auge do hippismo da dupla e que não foi incluída no disco original.
13 - A Panela do Diabo (1989)
O último disco de Raul Seixas. Representa o resultado da última turnê do cantor com seu último parceiro, Marcelo Nova. A participação de Raul Seixas é sofrida, dolorosa de se ouvir, quase. Sua voz é um sopro, amparada por Marcelo Nova, que faz o papel de escada para o ídolo. Para alguns, foi uma jogada oportunista do vocalista do Camisa de Vênus para se autopromover a partir do que sobrou de Raul Seixas, após anos de abusos. Para outros (eu incluso) foi o responsável por criar a lenda Raul Seixas. A turnê fez o cantor morrer de pé no front. Reavivou o cantor, que morreu sem ver o lançamento desse disco, que foi sucesso de vendas. Mesmo com a sofrível participação de Raul Seixas nesse disco, músicas como a divertidíssima tiração de sarro com a MPB intelectualizada em “Rock n’ Roll”, a country-gospel “Carpinteiro do Universo” e a rockabilly “Pastor João e a Igreja Invisível” são até hoje hits incansáveis em jukeboxes de rockbares pelo Brasil inteiro e repertório obrigatório de todas as centenas ou milhares de bandas cover do Raul Seixas.
12 - Raul Rock Seixas (1977)
Esse é o disco de despedida de Raul Seixas da Phillips, um compilado feito por Roberto Menescal dos maiores sucessos do rock clássico, na guitarra do talentosíssimo Jay Vaquer. A seleção é de rocks gringos dos fifties, só os clássicos de Elvis Presley, Little Richard e Chuck Berry.
11 - Os 24 Sucessos da Era do Rock (1973)
Antes de lançar Krig-Ha, Bandolo!, o primeiro disco de Raul Seixas como… Raul Seixas, o artista participou de uma série de regravações nacionais de sucessos gringos do rock clássico, como “Rock Around the Clock”e “Blue Suede Shoes”. Esse disco é muito como o “Raul Rock Seixas”, mas só está na frente da contagem porque também tem sucessos da Jovem Guarda, como “Estúpido Cupido”. O primeiro lançamento desse disco tinha uma capa genérica com uma Coca-Cola estourando e uma atribuição de hits a uma banda fictícia chamada “Rock Generation”
Depois do sucesso absoluto dos dois primeiros discos de Raul Seixas, esse disco foi relançado com a capa estilizada de um Raul Seixas chorando com um Elvis no fundo. É um ótimo disco, com ótimos arranjos e uma chance de ouvir aqueles clássicos que não são realmente ruins, somente cafonas, com músicas que falam de “brotos” e “lambretas” na voz e na leitura de Raulzito.
10 -A Pedra do Gênesis (1988)
Um dos discos mais injustiçados da trajetória de Raul Seixas. É o último esforço do astro em retomar o próprio legado. As letras com teor esotérico, o deboche cotidiano, o visual de mago excêntrico e até um selo da já mítica “Sociedade Alternativa”, sem a chancela ou conhecimento do Mago Paulo Coelho, que naquela altura já começava a lançar seus hits literários. Os arranjos musicais são excelentes, com destaque pra faixa-título, um rockão com toques de progressivo dos anos 80. Aconteceria nessa fase com Raul Seixas o que aconteceu com Elvis Presley: eternizado na cultura pop com um visual fim de carreira. Todo e qualquer tiozão de motoclube que é um sósia de Raul Seixas é um sósia DESSE Raul Seixas. O disco ainda tem a excelente “Não Quero Mais Andar na Contramão”, censurada em discos anteriores pela explícita referência às drogas. com um arranjo de metais que dá um tom leve ao som.
9 - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987)
O melhor disco da pior fase de Raul Seixas. Rendeu o terceiro disco de ouro graças à seu maior sucesso, “Caubói Fora da Lei”, rendendo até um divertido videoclipe no Fantástico:
A música é o melhor do que Raul Seixas sempre fez, misturar referências à vida cotidiana, recortes de histórias em quadrinhos e um tempero de temáticas esotéricas e bíblicas. Não sabemos se ele se refere a Jesus Cristo, à algum personagem político ou a si mesmo na letra. Mesmo sem outros sucessos pronunciados, é um ótimo disco. “Quando Acabar o Maluco Sou Eu” e “Canceriano Sem Lar” são blues debochados sobre a própria situação do artista, sofrendo de pancreatite após décadas de abusos e consumo industrial de álcool e drogas. Esse é o último momento de lampejo midiático até o resgate de Marcelo Nova, após esse álbum e a separação com a Kika Seixas, Raul cairá no ostracismo.
8 - Abre-te Sésamo (1980)
Abre-te Sésamo marca o retorno de Raul Seixas à CBS, onde gravou o disco da Grã-Ordem Kavernista em segredo e também onde trabalhou como produtor por influência de seu primeiro sogro. Vindo de recorrentes fracassos comerciais com “Mata Virgem” e “Por Quem os Sinos Dobram” e de uma cirurgia para remover parte do pâncreas, Raul ainda mostra energia e inspiração. É um disco bem mais rock n’ roll que os fracassos comerciais anteriores, tendo as guitarras de Celso Blues Boy e Rick Ferreira. Além da música-título, também traz as canções “Aluga-se” e “Rock das Aranhas”, os dois maiores sucessos foram censurados pela ditadura. Aluga-se garantiu o retorno do astro à mídia, com show no programa de maior audiência da época, o Cassino do Chacrinha, com direito à peruca e trejeitos:
7 - Mata Virgem (1978)
Outro disco injustiçado de Raul Seixas, provavelmente o mais experimental de toda a sua carreira. É a conjunção planetária das principais parcerias de Raul Seixas: sua então esposa Tânia, o Mago Paulo Coelho e o jovem prodígio Cláudio Roberto. Foge completamente do esquema rock n’ roll para cair no baião, chachado e música caipira. Tem momentos que lembram Zé Rodrix, como “O Negócio É”. Tem o clássico da parceria Seixas/Coelho em “As Profecias” e “Magia do Amor”, abre com “Judas” uma disco music épica que lembra muito “Rasputin” de Boney M. Pepeu Gomes, já não tão novo baiano encaixa uma guitarra em “Pagando Brabo”. Mesmo com toda essa constelação, não foi capaz de obter o sucesso de outrora. Foi o primeiro fracasso de vendas da carreira do artista e teve péssima recepção da crítica. Também seria o fim da parceria com Paulo Coelho e os dois só retornariam a se encontrar nos palcos em 1989, como uma surpresa arquitetada por Marcelo Nova em sua turnê da Panela do Diabo.
6 - Sociedade da Gã-Ordem Kavernista apresenta: Sessão das 10
Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa; o diretor da CBS viajou para os Estados Unidos e Raul aproveitou para gravar esse curiosíssimo trabalho coletivo, juntamente com a sambista Míriam Batucada, o futuramente famoso Sérgio Sampaio e o primeiro glam, pai do desbunde e sucesso até hoje Edy Star. Foi gravado em 15 dias e durou um mês nas prateleiras, sendo recolhido posteriormente, fracasso total. É daqueles trabalhos cults que a internet faz o favor de reviver. É difícil acreditar que esse disco pertença ao ano que diz pertencer, visto sua atualidade. Não deve em nada à geração indie que pululou nossos ouvidos nos anos 2000 com músicas entrecortadas por vinhetas, sátiras de programas de auditório, entrevistas e tudo o mais. A canção que dá título ao disco, uma paródia das músicas dos sambistas boêmios, ficaria nacionalmente conhecida com uma regravação em Gita. É um marco de criatividade que lembra desde Tom Zé até Frank Zappa e aqueles discos conceituais da época.
5 - O Dia em que a Terra Parou (1977)
Chegamos em nosso top 5. Fora da Phillips e sem a parceria com Paulo Coelho, Raul Seixas encontra uma nova dupla no jovem Cláudio Roberto e juntos vão compor a música mais famosa de toda trajetória do cantor, “Maluco Beleza”:
Sonoramente, há uma incursão de Raul Seixas pela Black Music, com participação da banda Black Rio na faixa “Tapanacara” (que lembra muito, pelo estilo vocal, o Di Melo) e na faixa De Cabeça Pra Baixo. A faixa-título é o melhor que Raul faz: colagens de cultura pop com deboche social. “Sapato 36” é aquele inconformismo social guitarrado que só o Raulzito sabe fazer. O rock-baião que ele trouxe nos discos antigos ainda se faz sentir em “Que Luz É Essa”. É um disco que não tem a mesma pegada dos anteriores, mas promete novos caminhos para o som do baiano.
4 - Novo Aeon (1975)
Se “Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!” é o melhor disco da pior fase de Raulzito, “Novo Aeon” é o pior disco da melhor fase dele.
Espera aí, colocar assim faz parecer que o disco é ruim, quando é um dínamo de hits, uma obra-prima, um romance alquímico entre o Mago Carioca fanho e o debochado Bruxo Maluco baiano. Só para você ter noção, o disco abre com o arrebatador gospel “Tente Outra Vez”, emenda no “Rock do Diabo”, um Chuck Berry de Salvador gritando em alto e bom tom as qualidades do Tinhoso no país mais católico da América Latina. E não pára por aí, continua com as dedilhadas de “A Maçã”, uma curiosíssima balada sobre poliamor (?), que inclusive ganhou um clipe interessantíssimo no Fantástico:
Ainda tem o divertidíssimo bolero brega “Tu és o M.D.C. da Minha Vida”, onde a namorada do Raul quebrava a coleção de Pink Floyd e pra rimar agonia com Shakespeare, transformou o bardo inglês em “Sheikespía”. Destaque também pra sensacional “Fim do Mês”, um batuque/baião sem um pingo de respeito à qualquer ideologia, que acaba quando chega o boleto no final do mês.
O que me chocava nesse disco em termos de contracultura, desde os meus tenros dias de adolescente, era a frase que fechava o disco, em “Novo Aeon”, onde Raul canta a plenos pulmões que sociedade alternativa era, entre outras coisas, o direito que nós tínhamos de deixar Jesus sofrer pra lá. Em termos religiosos, é a marotice mais ousada de Raul.
E por falar em marotices esotéricas, Novo Aeon e outras quatro músicas desse disco levam assinatura de co-autoria (duvidosa) e direitos de Marcelo Ramos Motta, um guru fajuto da Thelema (a ordem de Aleyster Crowley) que abocanhou os corações e mentes de Raul Seixas e Paulo Coelho na época (mais do Paulo Coelho que do Raul, justiça seja feita) e conseguiu sair do obscurantismo para a cultura pop com base na influência que tinha sobre os iniciados. Coisas que só fazem sentido nos loucos anos 70.
3 - Há Dez Mil Anos Atrás (1976)
O último disco da intensa parceria entre os “inimigos íntimos” Raul Seixas e Paulo Coelho. A recepção crítica não foi das mais favoráveis, mas é talvez um dos “fan favorites” absoluto. Se Paulo Coelho é o escritor hoje das “lendas pessoais” e espadas no Caminho de Santiago, esse disco mostra seu lado criativo e obscuro de forma sensacional. “Canto Para Minha Morte”, um conto bem “coelhístico” ritmado por tango abre de forma sombria o disco, narrando os possíveis encontros com a personificação da Morte (como não dizer que o Neil Gaiman não é o Paulo Coelho bretão?). Tem hits excelentes e legendários como “Meu Amigo Pedro”, que o irmão de Raul Seixas jura que é pra ele, mas o filme do Mago sugere que seja pro pai dele. “Quando Você Crescer” talvez seja a melhor letra da dupla, com uma temática a respeito do conformismo, mas diferente de “Ouro de Tolo” ou “Por Quem os Sinos Dobram” não mostra qualquer saída ou libertação daquela rotina. A própria música, com seu ritmo falsamente suave também favorece o clima de conformismo surdo. Os “Números” (“Rodando não, Ródanu”) é a mistura fanfarrona entre o épico e o popular, do qual falarei mais pra frente e que para mim consagrou a obra de Raul Seixas. Após esse disco Raul mudaria de gravadora, Paulo Coelho passaria a fazer letras para outros artistas como Rita Lee e ele mesmo seria um produtor de gravadora. O dois e suas esposas “veriam o diabo”, numa experiência sobrenatural relatada tanto por Paulo Coelho quanto por Tânia Barreto e posteriormente tomariam caminhos diversos, com Raul se afundando nas drogas e Paulo Coelho tentando se reabilitar dos vícios e virando escritor.
2- Krig Há, Bandolo (1973)
Chegamos no marco que separa Raulzito de Raul Seixas. A imagem icônica da capa com o nome do grito do Tarzan ameaçava o início de carreira do maior astro de rock do país, onde realidade e lenda se confundem. Tudo começou quando um produtor da CBS metido a roqueiro de final de semana, casado e com uma filha, família feita, encontra um hippie fanzineiro e colou com esse sujeito porque adorava falar sobre discos voadores e outros esoterismos. Dessa parceria surgiu esse disco, que abre com o menino Raul, numa remota gravação, cantando com uma voz infantil, mas agressiva o refrão de “Good Rockin’ Tonight” do Elvis Presley. Logo em seguida, um ponto de candomblé sobre uma mosca pousando na sopa, atacando a ditadura militar, virando rockabilly no refrão. Isso era estranho, era novidade. Era Raul Seixas. O Resto é história.
Apesar desse disco marcar o início da parceria hippie de Raul com o Paulo Coelho (com o disco como um plano maior de uma sociedade hippie, a “Sociedade Alternativa”), as melhores músicas do disco são de autoria unicamente sua: “Metamorfose Ambulante” e “Ouro de Tolo”, a favorita dos fãs, canção arrebatadora que vai crescendo na maré de conformismo, como se quisesse se libertar no final, à sombra de um disco voador.
1 - Gita (1974)
Hoje é segunda-feira e decretamos feriado. Chamei Dom Paulo Coelho e saímos lado-a-lado. Assim começa a música “Super-Heróis” que abre o álbum de maior sucesso comercial de Raul Seixas. Esse disco é o equilíbrio perfeito entre a megalomania de Paulo Coelho e o deboche de Raul Seixas. É sobre estar preocupado com o advento do Novo Aeon, porém tem que pagar a água, a luz e o aluguel. É juntar Krishna, Aleyster Crowley, Sílvio Santos, Durango Kid. Bíblia, satanismo, hinduísmo, cultura popular brasileira, história em quadrinhos. Somente eles fizeram isso, enquanto havia uma MPB na época preocupada com a linha evolutiva da música popular brasileira e falando de “Exú Dendê”. Eles viram que poderiam ser épicos e populares e nada é melhor para resumir isso que a faixa-título, uma releitura bem brasileira do Bhagavad Gita:
Eu poderia ainda falar sobre o hino “Sociedade Alternativa”, a belíssima, quase gospel, “Trem das Sete”, “Medo da Chuva”, “S.O.S.”, a capa polêmica com Raul vestido de guerrilheiro, sendo que o que provocou a ira da ditadura fora o selo “Sociedade Alternativa”, que eles confundiram com um grupo armado, torturando a dupla de inocentes hippies e marcando-os pelo resto da vida. Sobre as 600 mil cópias vendidas. Sobre esse cover do Bruce Springsteen:
Mas prefiro só falar que Gita é o disco mais importante do rock nacional.
